CIMEIRA DA NATO JÁ ESTÁ A CUSTAR MILHÕES AOS PORTUGUESES

Rui Pereira gastará, para já, 5 milhões em veículos anti-motim para a cimeira

O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, assumiu ontem o agravamento da ameaça terrorista no nosso país, por causa da realização da Cimeira da NATO, em Lisboa, no próximo mês de Novembro. Esta declaração foi feita ontem aos deputados de todos os partidos, presentes na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, a quem estava a justificar a despesa extraordinária de cinco milhões de euros em viaturas blindadas, equipamento "repressivo" e de protecção pessoal para a PSP. Rui Pereira sublinhou que se "orgulhava" desta aquisição porque os "polícias são pessoas que têm de ser protegidas". Lembrando as recentes ameaças de atentados terroristas que atingiram a Europa, principalmente a França, a Inglaterra e a Espanha, Rui Pereira frisou que este risco "só pode aumentar por ocasião da Cimeira da NATO" e que "ignorar" esse facto "seria irresponsável".

Mas esta justificação do titular da pasta da Segurança ainda incandesceu mais os deputados do PCP e do Bloco de Esquerda, que tinham levantado dúvidas sobre a oportunidade de realizar esta despesa, numa altura em que os portugueses estão a ser tão penalizados com o plano de austeridade. O comunista António Filipe, de quem partiu o requerimento para presença do ministro, classificou de "infeliz" a argumentação de Rui Pereira: "Mas a prevenção do terrorismo faz-se com viaturas anti-motim. São estes veículos que vão proteger os portugueses?", questionou. A deputada do PSD, Teresa Morais, fez a derradeira e determinante questão: "E o material vai chegar a tempo da cimeira?" A resposta do secretário de Estado Adjunto da Administração Interna, Conde Rodrigues, não foi reconfortante: "Estamos a desenvolver todos os procedimentos legais exigidos por lei e temos a expectativa que chegue a tempo."