"ISTO É O PRINCÍPIO DO FIM DO EURO"

Simon Johnson, antigo economista-chefe do FMI considera que o Euro já iniciou o seu fim irremediável

Simon Johnson, antigo economista-chefe do FMI, escreve que está lançado o mote para a dissolução da união monetária. "Os investidores enviaram aos políticos europeus uma mensagem dolorosa na semana passada quando a Alemanha teve uma emissão de dívida seriamente decepcionante", escreve Simon Johnson, antigo economista-chefe do FMI, num artigo publicado hoje no blogue "The Baseline Scenario", e assinado em conjunto com Peter Boone, da London School of Economics. Recorde-se que nessa emissão, da última quarta-feira, a Alemanha não conseguiu vender a totalidade das obrigações a 10 anos, no leilão com a procura mais baixa desde a criação do euro, pelo menos. O juro desses títulos de dívida também subiu face à última emissão comparável. Para Simon Johnson - um dos primeiros economistas estrangeiros a antecipar um resgate a Portugal, e que na altura até mereceu resposta de Teixeira dos Santos -, a mensagem deste falhanço é clara: "a Alemanha já não é um porto seguro". No artigo, os dois autores indicam que desde a crise financeira global de 2008, os investidores se têm focado no risco do crédito e têm recompensado o país liderado por Angela Merkel com baixos juros. "Mas agora os mercados vão focar-se no risco da moeda", antecipam, o que terá como consequência o aumento da inflação e "o euro pode entrar em colapso de uma forma que coloca em risco todas as obrigações em euros".

Por tudo isto, Simon Johnson e Peter Boone consideram que "isto é o princípio do fim da zona euro". Os dois autores referem que Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e agora Itália têm grandes quantias de dívida de curto prazo que não conseguem refinanciar a baixo custo e que os maiores bancos europeus estão na mesma situação. "Mais realisticamente, nenhum destes países vai conseguir financiar-se nos mercados financeiros no curto prazo", e o ministro das Finanças irlandês, Michael Noonan, está fora da realidade quando defende que o país vai voltar ao mercado em 2013, argumentam. Mais ainda, Simon Jonhson e Peter Boone consideram que mesmo com uma "bazuca" financeira, o BCE não iria conseguir restaurar a competitividade nos países periféricos, e que, por isso, os países mais problemáticos do euro, onde se incluirá Portugal, iriam precisar de muitos mais anos de "dura austeridade e reformas orçamentais para estabilizar a dívida". Para os dois autores, o rumo da zona euro está a tornar-se claro. "À medida que as condições na Europa se agravam, vai haver cada vez menos activos em euros que os investidores podem comprar com segurança". "Aguarda-nos uma tragédia". É a triste previsão dos dois autores, que terminam o artigo referindo que nos resta apenas a esperança de que os políticos europeus estejam a planear discretamente uma acção concertada para "evitar que a desordem se transforme em caos".